domingo, 22 de abril de 2012

Crua




Quando criança choramos por cair, a maioria das quedas acontecem enquanto brincamos.
Já na vida adulta, choramos quando nos fazem de brinquedo, e como tal, somos usados.
Quando criança, naquela época doce, um tapa doeria bastante, doeria mais que qualquer coisa.
E na idade adulta, período amargo... nada dói mais que palavras, e muitas vezes chegamos a preferir os tapas. Caímos por não perceber por onde ou como estamos andando, e quando crescemos isso continua igual. Não percebemos, ou não queremos perceber os nossos erros, com quem andamos e por onde andamos. Não existem tantas diferenças, as coisas só mudam de ângulo. Mas continuam do mesmo jeito.
Inclusive nós, só que agora, menos ingênuos. Sem acreditar no ''felizes para sempre'', e observando a vida como ela realmente é. Dura, nua, e crua. Sentada no muro, do outro lado da rua.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mortal




Viver é escrever torto, no escuro, e sempre em frente.
É  ler de trás pra frente, de frente pra trás.
É duvidar dos motivos e querer saber: _como faz?

As coisas passam, e o modo como as lemos, também.
Alguns pedaços ficam turvos, ou são comidos pelo tempo.
Ser mortal é saber tornar eterno um instante...

É ver beleza no ontem, e no hoje, esperando sempre algo novo amanhã.
Ser de carne é saber sofrer. É saber penar. Saber escolher...
É na verdade o duro ato de esperar.

Esperar por algo que, talvez, jamais virá.

Breve Vocábulo Nordestino


Olho/ olhos: No singular eu digo  ôi, no plural é zói.

Oxe! Entendesse?! E apois... :)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Curso




A vida segue seu curso, independente das suas escolhas, independente de qualquer aprovação, qualquer regra, qualquer lei humanamente instituída. Existem pessoas certas em momentos errados, e pessoas erradas no momento certo... Perdemos tempo com pessoas de sentimentos e pensamentos pequenos, mas algumas coisas só compreendemos com o passar do tempo. E é nesse momento que se percebe o tempo que foi perdido. Talvez não tivéssemos chegado aqui se não seguíssemos aquele caminho. Definitivamente: não sabemos onde chegaremos. Mas esperamos estar no caminho certo, esperamos já ter perdido tempo o bastante com coisas sem sentido, e sem futuro. Ninguém quer fazer a escolha errada. Todos esperamos acertar, nem que seja a cara na parede... E de vez em quando, isso é bom para acordar!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pedra



As pedras seguem seus rumos.
Mas; uma pedra ainda não rolou.

Pedra parada;
Perda, pedrada.

As outras pedras viraram construção.
Mas; uma pedra nem água, nem chão.

Nem nada;
Pedra cansada.

As pedras se juntam a outras pedras.

Edificação.

Que se mexa o chão pra pedra andar;
Ou, ficará do jeito que está:

Parada, Cansada.
Estagnada.

Não edifica;
 não rola;

 não junta;

 nem nada...

Lembranças



Sinto falta de quem fui ontem, e de quem fui há dez anos.
Alguns momentos passam tão rápido e quando percebemos: se foi.
Um fino fio etéreo, fina faca afiada, me dilacera.
Entrecortando o tempo e os pensamentos.

 Lembranças...

E a esperança de não me perder do que já fui...
E se já fui melhor que hoje, espero amanhã não ser pior.
Algumas crenças mudaram, desejos também.
Acato as mudanças, o tempo é quem manda em mim.

Duro, intolerante, imensurável.

Na sã consciência de não matar a criança que fui
Percebo que ela não morreu. Deve viver em algum lugar aqui: dentro (de mim, talvez).
Seja em sorrisos, ou nos pés descalços.
No gosto da terra, ou no cheiro da chuva.

É doce, sincero, verdadeiro. Eterno...

Ouso acreditar nas pessoas, esperar algo bom delas.
Sonhar construir família, ter um filho para chamar de amor.
Plantar um amor para chamar de nosso.
E de meu, só quero ter as lembranças.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012



Onde eu estou? É, continuo bem aqui. Exatamente do mesmo jeito que estive há muito tempo. 'Sentada na beira do caminho a pedir carona.', quem sabe não seja mais interessante do que simplesmente me acostumar, me acomodar... E ver acontecer o que aconteceu, cansei de apenas observar. É que o costume cansa. Observo as pessoas em seus mundos, como se admirasse uma pintura. E de fato é o que vejo. Cenas soltas. Entre elas, algumas que sinto muita alegria em ver. Existem coisas na vida que são muito prazerosas de se ver! Principalmente os amores, as alegrias, as mudanças de perspectiva... Será que também me veem num quadro? E se sim, já posso até adivinhar em que quadro que veem, um que não evoluiu, que ficou no rabisco. As palavras que antes me convenciam já não o fazem mais, talvez isso seja o início da mudança de um quadro. Ou da incineração do mesmo. Sinto aversão às palavras que antes me iludiam, encantavam... Não vale de muita coisa querer pintar algo bonito quanto só se tem um pincel, e nenhuma tinta. E o quadro é sem graça, sem sal, sem cor. Sem zelo, sem fé. Estou só. Ainda que pintada ao redor de trilhões de imagens. Nem que canonizassem... não vale a antiga devoção. O santo perdeu o altar,  e eu me esqueci de ser devota.

Aline Cardoso

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sucesso x Fracasso





O que se sabe sobre estes dois? O sucesso e o fracasso parecem ser amigos. Um só é alcançado por quem tenta e o outro por quem tenta, mas cai, e desiste de tentar. Ou até mesmo por aqueles que sequer possuem garra para levantar o pé e trilhar um novo rumo. Todos almejam o sucesso dentro dos seus horizontes, todos possuem sonhos, mas às vezes, pode faltar o combustível. E qual seria o combustível para alcançar o sucesso? A coragem; a simples garra e a força de vontade para perseverar. Para aproveitar os momentos. Para segurar as rédeas da própria vida e dizer: ' Agora, é por aqui que eu quero seguir!' . E ir. Mesmo que exista o medo de encontrar barreiras. Como dizem, nós só tropeçamos em pedras, ninguém jamais tropeçou sobre uma montanha. O fracasso obtém-se gratuitamente, você não precisa se arriscar muito para tê-lo. Basta ser um covarde. Existem alguns tipos de covardes, entre eles: os que nasceram assim, os que foram criados assim, e os que escolheram ser assim. Por outro lado, existem também  na mesma medida, vários tipos de corajosos, e nem todos nasceram assim. A grande maioria aprendeu com a vida. Com os baques, com os tropeços. E pode ter certeza, quando a vida bate, dói muito mais que qualquer outra pancada. Particularmente, não gosto de estagnação, não gosto de pessoas que não se esforçam pelo próprio sucesso, não gosto de pessoas que não tentam lutar hoje por algo que virá a longo prazo. Não gosto de contar apenas com o hoje, o dia de hoje é um tijolinho, e o futuro, um prédio inteiro, mas que é construído com um tijolinho de cada vez. Tudo aquilo que se edifica sem bons alicerces tende a tombar. E o fracasso pode vir para qualquer um. O que muda tudo é o que você faz a partir disso. Você escolhe se fica sentado, ou se corre atrás. E para os que ficam sentados... eu só lamento. A vida não espera por ninguém. Não tenho eira, nem beira, nunca possuí grandes coisas, mas o pouco que conquistei, realmente conquistei com suor, com esforço, dedicação, e dando o meu sangue. Empilhando a cada oportunidade, mais um tijolinho. E posso afirmar, com toda certeza, que sou muito mais feliz do que qualquer almofadinha acomodado (a), que não foi ensinado a andar com as próprias pernas, que não foi educado para a vida, e para ser um adulto de verdade. Sou mais feliz por que sei que tenho capacidade mental, espiritual, e emocional, para começar do zero. Para reerguer um muro, ou um edifício inteiro, quem sabe? Coisas ruins acontecem com todo mundo, mas a atitude tomada determina o sucesso ou o fracasso de cada um. Nunca é cedo para começar, mas às vezes é tarde demais para perceber o quanto errou, o que perdeu, e o que deixou de ganhar. Optando, muitas vezes, por apenas sentar, cruzar, os braços, e esperar. Muito se perde. Para quem apenas espera, as coisas podem nunca chegar, para quem apenas observa a vitória dos outros, a sua pode nunca se concretizar. E os outros não são culpados por isso, mas, apenas você. Aos que estão mortos dentro da roupa, um aviso: levante e lute. Tome as rédeas da sua vida nas mãos. Isso mudará tudo. E só depende de você.

Aline Cardoso

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Cálice

É, eu admiro a frivolidade das declarações de amor. E considero pacata toda fria existência que não bebe deste cálice. E pensando bem, cale-se você, que nada sabe do amor, nada sabe do sexo, nada sabe do êxtase, e da verdade, da sinceridade de não ter que se esconder debaixo de uma fantasia. E não sabe, que um simples olhar pode conter o mundo. Contento-me em saber que passei pela vida com paixão. Com educação e até mesmo, com arrogância. Sei que já me banhei em lágrimas: de alegria e tristeza, rancor, decepção, prazer... contribuo sem arrependimento para que outros seres, sejam, quando na verdade, tudo o que fazem é apenas tentar. Ouse, e não perca a graça. Crie, fantasie, expresse-se, liberte-se, de todo o preconceito fútil que a sociedade implantou em sua mente. Só estão tentando te tornar demente, enquanto você, dormente, apenas concorda. Discorde! Questione! Diga não. Use o por quê?. As dúvidas e os medos podem transformar-se em monstros dantescos. Mas apenas se você compactuar. No mais, viva. Este sopro e todos os outros que você tiver. Veja o sol, sinta o vento, calor, frio. Veja o mar, sinta-o beijar seu corpo... São sensações simples, mas que farão toda a diferença. Principalmente quando bem acompanhadas. ;) 


Aline Cardoso.

Aladim do Nordeste




Com seu calango alado;
Gibão surrado,
Corpo cansado,
E honrado no lidar...

Num candeeiro mágico;
A esperança queima,
Sem muita regalia,
E farinha, pra sustentar.

Seu gênio não concede desejos;
Mas a personalidade, é forte!
Para esperar pelas chuvas...
Ver a calefação no mandacarú.

Homem simples, de viver suado;
Que faz mágica com muito pouco, na palma do seu sertão.
E ser tão sofrido assim: é coisa de sangue.
Nasce, cresce, e é feliz, com o que a terra dá,quando dá .

Num chão tão quente quanto à cama do diabo.
Vive o Aladim, com o candeeiro aceso, e seu calango alado.
Esperando a chuva aparecer;
Pra poder dançar um tiquim de forró, mais aliviado...

                                                               Aline Cardoso

Concreto


Qualquer um pode escrever.
Basta c 
           a
            n
             e
               t
                a
   p     a     p   e    l,
 
    s
    e
    n
    ti
  men
  t o s  ... e um  coração ao léu.

Aline Cardoso.