segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mortal




Viver é escrever torto, no escuro, e sempre em frente.
É  ler de trás pra frente, de frente pra trás.
É duvidar dos motivos e querer saber: _como faz?

As coisas passam, e o modo como as lemos, também.
Alguns pedaços ficam turvos, ou são comidos pelo tempo.
Ser mortal é saber tornar eterno um instante...

É ver beleza no ontem, e no hoje, esperando sempre algo novo amanhã.
Ser de carne é saber sofrer. É saber penar. Saber escolher...
É na verdade o duro ato de esperar.

Esperar por algo que, talvez, jamais virá.

Breve Vocábulo Nordestino


Olho/ olhos: No singular eu digo  ôi, no plural é zói.

Oxe! Entendesse?! E apois... :)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Curso




A vida segue seu curso, independente das suas escolhas, independente de qualquer aprovação, qualquer regra, qualquer lei humanamente instituída. Existem pessoas certas em momentos errados, e pessoas erradas no momento certo... Perdemos tempo com pessoas de sentimentos e pensamentos pequenos, mas algumas coisas só compreendemos com o passar do tempo. E é nesse momento que se percebe o tempo que foi perdido. Talvez não tivéssemos chegado aqui se não seguíssemos aquele caminho. Definitivamente: não sabemos onde chegaremos. Mas esperamos estar no caminho certo, esperamos já ter perdido tempo o bastante com coisas sem sentido, e sem futuro. Ninguém quer fazer a escolha errada. Todos esperamos acertar, nem que seja a cara na parede... E de vez em quando, isso é bom para acordar!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pedra



As pedras seguem seus rumos.
Mas; uma pedra ainda não rolou.

Pedra parada;
Perda, pedrada.

As outras pedras viraram construção.
Mas; uma pedra nem água, nem chão.

Nem nada;
Pedra cansada.

As pedras se juntam a outras pedras.

Edificação.

Que se mexa o chão pra pedra andar;
Ou, ficará do jeito que está:

Parada, Cansada.
Estagnada.

Não edifica;
 não rola;

 não junta;

 nem nada...

Lembranças



Sinto falta de quem fui ontem, e de quem fui há dez anos.
Alguns momentos passam tão rápido e quando percebemos: se foi.
Um fino fio etéreo, fina faca afiada, me dilacera.
Entrecortando o tempo e os pensamentos.

 Lembranças...

E a esperança de não me perder do que já fui...
E se já fui melhor que hoje, espero amanhã não ser pior.
Algumas crenças mudaram, desejos também.
Acato as mudanças, o tempo é quem manda em mim.

Duro, intolerante, imensurável.

Na sã consciência de não matar a criança que fui
Percebo que ela não morreu. Deve viver em algum lugar aqui: dentro (de mim, talvez).
Seja em sorrisos, ou nos pés descalços.
No gosto da terra, ou no cheiro da chuva.

É doce, sincero, verdadeiro. Eterno...

Ouso acreditar nas pessoas, esperar algo bom delas.
Sonhar construir família, ter um filho para chamar de amor.
Plantar um amor para chamar de nosso.
E de meu, só quero ter as lembranças.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012



Onde eu estou? É, continuo bem aqui. Exatamente do mesmo jeito que estive há muito tempo. 'Sentada na beira do caminho a pedir carona.', quem sabe não seja mais interessante do que simplesmente me acostumar, me acomodar... E ver acontecer o que aconteceu, cansei de apenas observar. É que o costume cansa. Observo as pessoas em seus mundos, como se admirasse uma pintura. E de fato é o que vejo. Cenas soltas. Entre elas, algumas que sinto muita alegria em ver. Existem coisas na vida que são muito prazerosas de se ver! Principalmente os amores, as alegrias, as mudanças de perspectiva... Será que também me veem num quadro? E se sim, já posso até adivinhar em que quadro que veem, um que não evoluiu, que ficou no rabisco. As palavras que antes me convenciam já não o fazem mais, talvez isso seja o início da mudança de um quadro. Ou da incineração do mesmo. Sinto aversão às palavras que antes me iludiam, encantavam... Não vale de muita coisa querer pintar algo bonito quanto só se tem um pincel, e nenhuma tinta. E o quadro é sem graça, sem sal, sem cor. Sem zelo, sem fé. Estou só. Ainda que pintada ao redor de trilhões de imagens. Nem que canonizassem... não vale a antiga devoção. O santo perdeu o altar,  e eu me esqueci de ser devota.

Aline Cardoso